sexta-feira, 26 de abril de 2013

Rachmaninoff - 2º Concerto para Piano e Orquestra

O que vos posso dizer de um concerto para Piano que me faz sistematicamente chorar? Que as suas fantásticas melodias inspiradas da música popular russa estão impregnadas de tal melancolia que lhes é impossível resistir?

O que vos posso dizer de um concerto que é sistematicamente referido como um dos mais populares e preferidos em várias votações? Por exemplo em Inglaterra já foi por vários anos o preferido na votação da rádio Classical FM.

O que vos posso dizer de uma obra que está claramente entre as minhas preferidas e uma das que quando me perguntam: Nunca ouvi um concerto de música clássica. O que me recomenda? Se estamos a falar de um concerto para Piano este é um deles sem margem para dúvida.

O concerto foi composto entre o Outono de 1900 e Abril de 1901 como uma espécie de terapia do enorme fracasso que a Sinfonia Nº1 do mesmo compositor representou e que fez Rachmaninoff mergulhar numa profunda depressão. Aliás o concerto é dedicado ao psicologo Dr. Dahl que curou o compositor através de hipnose convencendo-o que o seu concerto iria ser excelente. O concerto foi estreado a 9 de Novembro de 1901 com o compositor ao piano e a Orquestra dirigida pelo seu primo Siloti. A estreia foi bem sucedida tendo o compositor vindo a vencer o prémio Glinka em 1904 com este concerto.

O Primeiro Andamento (Moderato) na forma de Sonata em Dó Menor começa com uma introdução pelo piano o que não sendo original (por exemplo o quarto de Beethoven também desta forma) não é muito usual  e certamente introduz desde logo uma intensidade dramática. Note-se que este primeiro andamento foi composto depois do segundo e do terceiro e logo na verdade um dos temas deste primeiro andamento foi de certa forma inspirado no ultimo (e não o inverso como poderíamos pensar pela ordem de audição). este facto no entanto confere à obra um tipo de unidade que aprecio. Não existe cadenza nem seria necessário, as dificuldades do resto são suficiente demonstração do virtuosismo do pianista. Para ilustrar este andamento escolhemos uma interpretação de Heléne Grimaud com Abaddo a dirigir a Orquestra.




O Segundo Andamento (Adagio Sostenuto) é simplesmente fantástico, dificilmente posso encontrar adjectivos para a melodia que se vos soar familiar é porque é mesmo (oiçam All by Myself para perceberem). Um andamento na forma clássica de um Rondo normalmente utilizado para os terceiros andamentos e que de certa forma estabelece a calma antes da tensão que o terceiro andamento vai despertar. De novo proponho Heléne Grimaud para este andamento.




O terceiro andamento (Allegro Scherzando)  na forma  de Sonatina é marcado pelo crescimento gradual de uma tensão que é resolvida num fortíssimo que expõe de novo um dos temas. Até ao fim do concerto uma coda frenética praticamente não nos deixa respirar. Oiçam de novo Helène Grimaud.


Por fim reservo-vos uma surpresa uma interpretação completa do próprio Rachmaninoff da totalidade do concerto que para além de ser um dos preferidos do público continua a ser um dos preferidos dos pianistas (embora a sua natureza neo-romântica ou romântica tardia se preferirmos) desgoste alguns que prefeririam ver num compositor desta época uma escrita mais moderna.

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